Esta edição faz homenagem aos países-membros do Brics
Trabalho do artista contemporâneo chinês Yanbei no Espaço Cultural Renato Russo(foto: Yanbei/Divulgação)
Usar a arte como uma possibilidade de se ligar a um novo lugar. Sob o conceito Fronteiras em aberto, proposto pelos curadores Adolfo Montejo Navas e Tereza de Arruda, a 14ª Bienal de Curitiba expande, pela primeira vez, os limites para a capital federal. A partir de amanhã duas mostras estarão em cartaz no Espaço Cultural Renato Russo como parte do evento. São elas: Yanbei: uma arte agrilhoada e Contraforte — Brasília pela Pilastra.
Realizada desde 1993, a Bienal de Curitiba dedica cada edição a um país diferente. Este ano, a organização aproveitou a realização da cúpula do Brics no Brasil para homenagear os países pertencentes do grupo. "Vimos uma oportunidade de ampliar os intercâmbios artísticos entre o Brasil e os quatro países-membros — Rússia, Índia, China e África do Sul — e também uma oportunidade de trabalhar uma vertente pós-colonialista, evitando o eurocentrismo que acontece muito no meio da arte contemporânea", explica Fernanda Maldonado, coordenadora de comunicação da bienal.
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Dessa forma, em Brasília, o conselho curatorial selecionou o trabalho do chinês Yanbei para representar a homenagem. "Por causa do regime político e da revolução chinesa, a arte daquele país ficou fechada por muito tempo, enquanto a Europa, por exemplo, acompanhava as vanguardas e a arte moderna. A China teve um tempo muito próprio e isso se reflete na produção contemporânea", comenta Fernanda.
Residente em Portugal, Yanbei tem como linguagem artística principal a pintura, em especial a aquarela sobre papel. As obras refletem fluidez, cores e formas sem limites definidos que geram uma percepção onírica e remetem a ambientes de tonalidades fantásticas. Apesar da abstração, os trabalhos lembram os traços da arte tradicional chinesa.
A exposição de Yanbei dialoga também com a outra mostra que integra a Bienal em Brasília, composta por trabalhos de artistas residentes na capital. "Essa é uma outra proposta nossa, de criar um diálogo local com o global. Em Curitiba, também fazemos um contraponto entre o internacional e artistas emergentes. Além disso, trabalhamos com várias sedes", conta Fernanda.
Nesta edição, além dos artistas da Rússia, Índia, China e África do Sul, a Bienal conta com artistas participantes de 41 nacionalidades diferentes. No total, são 461 artistas dentro da programação, que se espalha por diversas cidades, além de Curitiba. Da mesma forma que o evento expandiu os limites para Brasília, ele está presente em São Paulo, Florianópolis, cidades do interior do Paraná, Assunção, no Paraguai, Montevidéu, no Uruguai, Buenos Aires e Rosário, na Argentina, Paris, na França, Bruxelas, na Bélgica, Roma, na Itália e Chengdu, na China.
"Cada mostra é pensada exclusivamente para a cidade e o espaço. Entre as motivações está, justamente, o desejo de produzir intercâmbios entre espaços geográficos", justifica a coordenadora. Nessa linha de quebrar fronteiras geográficas, imaginárias, políticas e sociais, que a bienal se insere em um contexto de promover simultaneamente um conjunto de atividades em várias partes do Brasil e do mundo. Direta ou indiretamente, todas elas estão ligadas pelo tema central proposto pelos curadores gerais. "O tema é o rosto da bienal e foi proposto, porque os curadores perceberam que o momento político e socioeconômico do Brasil e do mundo exigia falar sobre fronteiras, geográficas, emocionais e simbólicas de um modo geral", pontua Fernanda.
Instalação da artista Thalita Caetano, parte da exposição 'Contraforte - Brasília pela Pilastra'(foto: Jean Peixoto/Divulgação)
Contraforte
Para ampliar a rede de conexão e fortalecer a comunicação com artistas locais, a bienal convidou A Pilastra para ocupar esse lugar de expressão artística. Os curadores Gisele Lima e Mateus Lucena idealizaram a mostra Contraforte — Brasília pela Pilastra com nomes que residem na capital, são acompanhados por eles e têm se destacado no cenário, inclusive com indicações em prêmios. "Nos preocupamos em trazer artistas que trabalham com intensidade e têm trabalhos novos", explica Gisele.
Entre obras inéditas e outras que serão reapresentadas, estão expostos trabalhos de Bia Leite, Fernanda Azou, Guilherme Moreira, Gustavo Silvamaral, Kabe Rodríguez, Romulo Barros e Thalita Caetano. Os curadores não se prenderam em estabelecer uma linha curatorial que oferecesse um diálogo entre as obras. "Queremos oferecer uma mostra de artistas e identidade de produção, como se fosse um conta-gotas de cada linha de produção que está sendo desenvolvida na cidade, cada nicho que a gente vê sendo explorado. Como a Bienal tem uma repercussão nacional e internacional, escolhemos quem queremos exportar. E como A Pilastra faz um trabalho muito de base e impulsiona a carreira de vários artistas, acredito que eles estavam interessados no frescor e na potência de um trabalho que está em pleno vapor", explica a curadora.
A montagem da mostra também levou em consideração questões estéticas e de ocupação do espaço expositivo. Múltiplas linguagens, instalações, esculturas instalativas, híbridos, além de pinturas compõem a exposição. "Outra característica é o recorte igualitário, de gênero e de cor", pontua Gisele. Como o nome propõe, Contraforte, é não só um ponto de apoio, mas uma força que vai contra a correnteza.
14ª Bienal de Curitiba apresenta: Yanbei: uma arte agrilhoada e Contraforte — Brasília pela Pilastra
No Espaço Cultural Renato Russo. Abertura: Amanhã, às 19h. Visitação até 13 de dezembro. De terça a domingo, das 10h às 20h. Entrada gratuita.
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